domingo, 18 de janeiro de 2015

Retiro do Vale das Hortas

Retiro do Vale das Hortas

Snack-bar Retiro Vale das Hortas
De Nídia da Silva Reis
Montes de Alvor - 926 140 517
Andamos constantemente à procura de bons locais para comer e como a carteira está sempre a gemer estamos atentos a um bom letreiro onde a conjugação de palavras de comida portuguesa com menu completo, um preço simpático (7,5€/ 8€) e estamos aptos a cair em tentação. Já tinhamos passado várias vezes aqui no Vale das Hortas, no correr dos muros da Penina, antes do aeródromo, e ficado de olho nos carros à porta do singelo snack-bar, sempre um sinal positivo para um bom almoço. Hoje era o dia. Havia frango de cebolada, filetes de peixe, e cachaço de porco no forno, azeitonas, pão, manteigas, bebida, sobremesa e café  por 7,5€. Há uma salinha na entrada onde está também o balcão e lá atrás uma sala mais recatada. Ficamos da detrás. As mesas e cadeiras são de fórmica e o ambiente é simples mas a simpatia das duas senhoras que tomam conta do negócio, a Nidia Reis que é a anfitriã da casa e a polivalente Ana que tanto está na cozinha como no serviço às mesas, bem como a boa comida são um bom augúrio.  Como eramos 3 experimentamos tudo, o frango tenrinho com batatas caseiras, o cachaço no forno com batata frita e os pequenos filetes de peixe panados com arroz de legumes. Das frondosas hortas vizinhas aparecem frequentemente os contributos vegetais para os cozinhados: cebolas, alfaces, agriões, pimentos, salsa, coentros, etc. Do produtor para o consumidor, como se costuma dizer. Há um dia onde o cozido à portuguesa marca presença. Para já só abre para almoços com pratos do dia mas por encomenda podem fazer algo mais especial. Encerra aos domingos.








quarta-feira, 11 de junho de 2014

Enredados

Para isto não se transformar num muro de lamentações, mais um, nem tenho aparecido, e o que custa aparecer, desde logo escrever num computador que escamoteia constantemente a escrita tornando-a dolorosa e esquizóide a cada frase. Depois o estado lastimoso do trabalho e do ao redor numa catadupa de problemas que tiram a vontade e o brilho ao nosso bem querer. Ou ainda a minha própria ineficácia como protagonista de uma crónica qualquer. Escrevo para mim e pouco mais, Já nem me mimo com a minha própria surpresa. Assim se esboroam os dias numa luta fininha no tanque da choldra.

Andamos aqui atrás de uma singela quimera. De quando em vez uma pomba esvoaça e podemos sinalizar partes do seu voo, traduzimos com gosto a sua linguagem sem azias nem prenúncios, somos positivos num ar irrespirável. Dura pouco.

Tanto desabafo invertebrado para colar aqui um roteiro, umas postas de pescada?. E então do que se trata?

Era feriado e precisavamos de arejar, para a Costa Vicentina, um refúgio dos tempos de outrora, um sítio onde já fomos felizes, a praia do Monte Clérigo. Podia efabular que nos metemos feitos jovens turistas numa das fantásticas Siesta Campers e fomos de férias repartidas. Quem nos impede?
Há muitos anos quando ainda havia o campismo no Vale da Telha e a muito louca discoteca Dinossauro fazia as delícias das noites, o Gabriel tinha 2 restaurantes, e um deles era uma barraquinha na falésia a ver a excelentíssima praia da Amoreira e ali comiam-se os mais belos repastos marinhos da zona. Ainda lá está, maior, com melhores condições, já não há é verba para lá voltar a comer. O campismo e a discoteca é que ziltch.
Mas n' A Rede é certinho, o polvo frito com batata aos palitos tem de ser. Aquele sabor bem temperado é irresistivel.  Agora é a filha da D. Magda Reis, a Sónia Reis que também é estilista e pintora , que toma conta deste snack bar, pequeno mas recheado de iguarias: saladas, bruschetas, moreia frita, sopa de peixe, frutos do mar, doces regionais e as muito famosas natas. Há clientes que vem esperar a fornada da noite. O serviço continua impecável.
Antes era tudo muito singelo mas agora a Sónia deu-lhe uma reviravolta trendy (agora também é uma loja de venda de cestas e bijutaria), trazendo uma alegria e uma dinâmica de veraneio moderna e atrativa a esta quase secreta praia do sudoeste (ainda) algarvio.








É engraçado sem ter piada nenhuma a falta de informação sobre este tão mítico sítio. O que se anda a fazer com os milhões de fotos e partilhas e redes sociais por esse mundo fora e não se dá noticia das coisas boas.; ou mesmo das que já foram boas e agora se embrenham nas malhas caídas do esquecimento? 

Ali mais á frente no terreiro com vista para a praia o velho "O Sargo", memória colectiva dos pioneiros desta vila estival jaz morto e arrefece. Ainda se pode espreitar um mural do pintor Zé Penicheiro cheio de uma esperança e vitalidade modernista. E de "O Sargo" pouco ou nada se sabe...




Um eterno retorno.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Matutando filosofias






Bem Faulkner dizia que uma paisagem se conquista com a sola dos sapatos , não com as rodas de um automóvel. Os livros...pelo cheiro do papel , desse outro Olhar que é também ver...Borges sempre imaginou o Paraíso como uma Biblioteca. Eu cá vou andando... retomei as visitas a alfarrabistas. Tenho aquele outro livro aberto - A Natureza, mas falta-me essa outra... de carne e osso e o semblante acompanhando o todo. Não é apenas canibal apetite humano... Aquela ida ao laranjeiro, atrás de ti e do teu cheiro que os Thi Versões em desaustinado vivo Fado em si de SOL reescreveram Fausto . Por ela era capaz de deitar fogo ao Inferno, sem lança-chamas....

Ou então mais recente (eterno retorno):

Num pouco glosado ensaio T.S.Elliot afirma que " os artistas imaturos imitam ; artistas maduros roubam " . Não ousarei permitir-me a ambos , mas em jeito glosado aqui vai : " Desfado meu este , n'Esta estranha forma de vida ...ter nadado e navegado em diversos lagos , ribeiros , rios , mares do mundo ou esse Único de solitário Nome...ser um Ser de muitas Pátrias : umas Ditosas e Amadas, outras queridas e desejadas e , outras de todo inesperadas . Ser angolano lusitano , tripeiro de coração ; ser de minha Avó celta , de antepassados saxões ...ter sido viking , mouro e judeu antigo novo-cristão....Moreira de Nome em adopção .Ter errado por tantos cantos , labirintos , ser pradarias e vastidão . Encontrei-me em iluminuras e estátuas , gravuras e desformes retratos e não me ver envelhecer em espelhos inexactos . Vi o que todos viram , o acordado Amanhecer , a hora sem sombra , um quente entardecer cansado e esse triste oiro que é o Ocaso...saber esse fim que é a Morte , infinda espera de outra vez , ser aquela estrêla , um areal , lodo ou seixo inicial . Pouco vi ou quase nada , Amei ou fui amado , soube perder-me Abandonado ..recordo em certos Rostos a Amizade de outroras e presentes anunciados . Mas sigo recordando esse Rosto que em primeira vez n'Essa voz me foi dado . Um dia destes estarei morto e a Ti regresso recordado .N'estes e Nesses olhos castanhos e em Encantos tamanhos . Palavra .

Charlie

sábado, 11 de janeiro de 2014

Vais à Bola?










Tenho como uma necessidade encontrar sítios comestíveis, razoavelmente baratos e com alguma graça de permeio, montar o esquema do palavreado com a recolha e dar ao mundo uma descoberta, quase sempre sem um critério fundamentalista mas humano e agradável. Mas para que isso aconteça é preciso que a comida valha a pena, quando não, fico chateado e não me dou ao trabalho de defender uma dama desleixada ou inconveniente, se não aparece o perfume do fandango fica para aqui neste depósito sem rei nem roque talvez como exemplo de uma maneira de escrever ou descrever. Isto também serve para dizer que alguns dos exemplos últimos não têm tido consistência suficiente para produzir prova. Começo pelo último, A Bola em Alvor. Era para celebrar o facto da amiga Joan aparecer destacada num inusitado roteiro, depois tinha sido o falecimento do Eusébio e um sítio com este nome podia proporcionar alguma surpresa, porque tinha feito parte da Rota do Petisco e tinha tido informações positivas e finalmente uma oportunidade de dar um pulinho a ver a agradável vila de Alvor. Muitos factores, muita expectativa só podia dar bota, neste caso meia-bota, logo escasso material. O choco frito como tapa, bem frito mas um pouco duro, lulinhas pouco saborosas, com batata congelada frita e uma salada sem graça. Há fado mas o local está longe do castiço. Boa sorte na mesma.
A outra desilusão foi o Oliva e Lenha em Portimão. Ele há sitios melhor talhados para jantares, mas então porque abrem ao almoço? para haver mal entendidos? Da primeira vez que fomos o dono disse que tinha uma pizza muito apreciada, da segunda vez pedi a dita cuja, veio queimada, mas pronto simpaticamente ofereceu-me outra, mas não era nada de muito especial. O logo e os fornos são iguais a uma "congénere" brasileira, mas disseram que não tem nada a ver. São os proprietários do famoso Ábabuja e do malfadado Pote Cheio que entretanto está fechado. Vale a pena insistir ou perder tempo em dizer mal? Não me parece.Fiquem-se pelo muito conveniente Tripadvisor.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O teu atlas inescrutável






Diz-lhes que a minha vida foi maravilhosa.

Wittgenstein

Lo inefable (aquello que me parece misterioso y que no me atrevo a expresar) proporciona quizá el trasfondo sobre el cual adquiere significado lo que yo pudiera expresar

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Imponderável Miss Lemmo







A minha amiga americana, um filme em continuo, uma verve interminável, uma cabeça imparável, uma energia quase solar. Conhecemo-nos por causa do 123 faz já muitos anos, quase 10?, queria ela um tipo que filmasse e tivesse câmera para fazer um filme sobre uma personagem única, nesta terra de Portimão...
Em dia de chuva intensa atrasei-me para a répèrage mas fez-se a abordagem à casa dos manequins. A aventura das filmagens continuou até se fazerem 2 filmes, um em formato manta de retalhos (Outside inside the Algarve) e o outro sobre um personagem (Dani). Mais uns tantos prometidos mas por força das circunstâncias não concluídos ou então ficaram em meias-tintas.
A amizade com esta espaventosa cineasta e artista plástica tem tido altos e baixos, desatinos e laudações mas continua sólida. De quando em vez vamos fazer roteiros para o 123. A expensas da filantrópica colaboração, talvez em troca de anúncios, uma promessa de qualquer coisa, um desabafo destes tempos abafados, uma celebração algarvia. Em busca de aventura.
Joan Lemmo fez-se em Nova York e em Hollywood, no imobiliário (vendeu casa ao Stallone por exemplo) e no cinema, como set designer ou pequenos papeis em séries e filmes. Um dia ao visitar o Algarve engraçou-se pelo local e por uma antiga venda,comprou-a e fez dela a sua casa de férias. Sempre foi a todas as possíveis manifestações culturais que apareciam na zona. Ainda hoje com a sua inacreditável independência lá vai ver um filme, uma feira, uma exposição, numa quase frenética actividade. Agora está de partida, farta do atrofio português, precisa de mais mundo.
Desta vez lembrei-me, como ela tinha feito um papel na série dos 60's Bonanza, podíamos experimentar um sítio que é o último reduto dos velhos barracões da Praia da Rocha e descobrir o Pondorosa (Ponderosa é o nome do rancho da série) http://www.imdb.com/title/tt0052451/

Ali antes da rotunda que leva à Praia da Rocha, no sopé da Encosta da Marina, em sítio ensolarado, com um pátio de acolhimento com um par de medronheiros e umas oliveiras, está esta pérola do antigamente e para maior surpresa ainda, tem um restaurante lá dentro e com bom ar. Estávamos um pouco receosos pois não havia ninguém, normalmente vejo por lá turistas, mas fomos logo muito simpaticamente recebidos pela D. Amélia, e pedimos 2 pratos da oferta, um de peixe espada grelhado e outro de febras, bem postos com salada, legumes, arroz e batata e estivemos entretidos a gozar da ambiência. Este mítico barracão com cerca de 30 anos deu-lhe nome um senhor Belga, frequentador assíduo. Depois chegou um casal de irlandeses e em conversa soubemos que ele era canalizador de profissão (agora reformado) e pescador de paixão (sempre no activo) e que conhecia o mundo através da pesca, a maior presa foi uma raia australiana com perto de 50 kilos. Muita coisa mudou desde que pela primeira vez veio a Portimão, onde havia imensos sítios com alma, como este, agora é tudo muito igual e indiferente, não tem muita piada. O peixe é que continua bom.

Sobremesa só fruta ou gelado, agora de Inverno e com a escassez de clientes a variedade (Molotov, pudim, semifrios)  é mais para os jantares, na espaçosa sala de dentro.

Tudo isto é Portugal, este contraste entre a euforia deslavada e o desespero resistente e descontraído, à espera de melhores dias e clientela que queira disfrutar de um inusitado local para descontrair.






Desta vez deu para bater umas fotos melhorzinhas com recurso à camera da Joan e não a amalucada da sobrexposta  Samshunga ou o imprevisivel android.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Irrelevante





O que tu presencias é irrelevante. O que praticas só a ti te diz respeito. O que transmites é encriptado, é da ordem do segredo.