sexta-feira, 27 de maio de 2011

Turismo de proximidade








Descobrirei um texto para aqui por disse quando coloquei estas postas com alguma frescura e pouco tempo, pouco brilho mental.
Como podemos fazer deste nosso Portugal um belo país com poucos meios mas com dedicação e asseio?
Onde as velhas reliquias de antigamente tenham alguma dignidade na paisagem.
Onde a pueril ruralidade nos traga o encanto das coisas naturais e o sabor das coisas autênticas.
Onde os espaços comerciais sejam diversos, exclusivos, verdadeiros.
Onde a arquelogia seja encarada de forma alargada sem preconceitos e juizos desintegradores.
Onde a liberdade seja respeitada.
Onde o artesão seja valorizado.
Onde os espaços vivam com gente e dinâmicas de prazer e partilha.
Onde os piores sitíos sejam os melhores sítios onde possamos ser nós próprios.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ilha ecológica



Reportagem na permacultura e relato na cultura permissiva, comparações sem virtude aparente.

domingo, 1 de maio de 2011

Transitar








Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam‑se na observação dos factos e punham‑se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
Herberto Hélder, Os passos em volta