Andamos aqui atrás de uma singela quimera. De quando em vez uma pomba esvoaça e podemos sinalizar partes do seu voo, traduzimos com gosto a sua linguagem sem azias nem prenúncios, somos positivos num ar irrespirável. Dura pouco.
Tanto desabafo invertebrado para colar aqui um roteiro, umas postas de pescada?. E então do que se trata?
Era feriado e precisavamos de arejar, para a Costa Vicentina, um refúgio dos tempos de outrora, um sítio onde já fomos felizes, a praia do Monte Clérigo. Podia efabular que nos metemos feitos jovens turistas numa das fantásticas Siesta Campers e fomos de férias repartidas. Quem nos impede?
Há muitos anos quando ainda havia o campismo no Vale da Telha e a muito louca discoteca Dinossauro fazia as delícias das noites, o Gabriel tinha 2 restaurantes, e um deles era uma barraquinha na falésia a ver a excelentíssima praia da Amoreira e ali comiam-se os mais belos repastos marinhos da zona. Ainda lá está, maior, com melhores condições, já não há é verba para lá voltar a comer. O campismo e a discoteca é que ziltch.
Mas n' A Rede é certinho, o polvo frito com batata aos palitos tem de ser. Aquele sabor bem temperado é irresistivel. Agora é a filha da D. Magda Reis, a Sónia Reis que também é estilista e pintora , que toma conta deste snack bar, pequeno mas recheado de iguarias: saladas, bruschetas, moreia frita, sopa de peixe, frutos do mar, doces regionais e as muito famosas natas. Há clientes que vem esperar a fornada da noite. O serviço continua impecável.
Antes era tudo muito singelo mas agora a Sónia deu-lhe uma reviravolta trendy (agora também é uma loja de venda de cestas e bijutaria), trazendo uma alegria e uma dinâmica de veraneio moderna e atrativa a esta quase secreta praia do sudoeste (ainda) algarvio.
É engraçado sem ter piada nenhuma a falta de informação sobre este tão mítico sítio. O que se anda a fazer com os milhões de fotos e partilhas e redes sociais por esse mundo fora e não se dá noticia das coisas boas.; ou mesmo das que já foram boas e agora se embrenham nas malhas caídas do esquecimento?
Ali mais á frente no terreiro com vista para a praia o velho "O Sargo", memória colectiva dos pioneiros desta vila estival jaz morto e arrefece. Ainda se pode espreitar um mural do pintor Zé Penicheiro cheio de uma esperança e vitalidade modernista. E de "O Sargo" pouco ou nada se sabe...
Um eterno retorno.