quarta-feira, 11 de junho de 2014

Enredados

Para isto não se transformar num muro de lamentações, mais um, nem tenho aparecido, e o que custa aparecer, desde logo escrever num computador que escamoteia constantemente a escrita tornando-a dolorosa e esquizóide a cada frase. Depois o estado lastimoso do trabalho e do ao redor numa catadupa de problemas que tiram a vontade e o brilho ao nosso bem querer. Ou ainda a minha própria ineficácia como protagonista de uma crónica qualquer. Escrevo para mim e pouco mais, Já nem me mimo com a minha própria surpresa. Assim se esboroam os dias numa luta fininha no tanque da choldra.

Andamos aqui atrás de uma singela quimera. De quando em vez uma pomba esvoaça e podemos sinalizar partes do seu voo, traduzimos com gosto a sua linguagem sem azias nem prenúncios, somos positivos num ar irrespirável. Dura pouco.

Tanto desabafo invertebrado para colar aqui um roteiro, umas postas de pescada?. E então do que se trata?

Era feriado e precisavamos de arejar, para a Costa Vicentina, um refúgio dos tempos de outrora, um sítio onde já fomos felizes, a praia do Monte Clérigo. Podia efabular que nos metemos feitos jovens turistas numa das fantásticas Siesta Campers e fomos de férias repartidas. Quem nos impede?
Há muitos anos quando ainda havia o campismo no Vale da Telha e a muito louca discoteca Dinossauro fazia as delícias das noites, o Gabriel tinha 2 restaurantes, e um deles era uma barraquinha na falésia a ver a excelentíssima praia da Amoreira e ali comiam-se os mais belos repastos marinhos da zona. Ainda lá está, maior, com melhores condições, já não há é verba para lá voltar a comer. O campismo e a discoteca é que ziltch.
Mas n' A Rede é certinho, o polvo frito com batata aos palitos tem de ser. Aquele sabor bem temperado é irresistivel.  Agora é a filha da D. Magda Reis, a Sónia Reis que também é estilista e pintora , que toma conta deste snack bar, pequeno mas recheado de iguarias: saladas, bruschetas, moreia frita, sopa de peixe, frutos do mar, doces regionais e as muito famosas natas. Há clientes que vem esperar a fornada da noite. O serviço continua impecável.
Antes era tudo muito singelo mas agora a Sónia deu-lhe uma reviravolta trendy (agora também é uma loja de venda de cestas e bijutaria), trazendo uma alegria e uma dinâmica de veraneio moderna e atrativa a esta quase secreta praia do sudoeste (ainda) algarvio.








É engraçado sem ter piada nenhuma a falta de informação sobre este tão mítico sítio. O que se anda a fazer com os milhões de fotos e partilhas e redes sociais por esse mundo fora e não se dá noticia das coisas boas.; ou mesmo das que já foram boas e agora se embrenham nas malhas caídas do esquecimento? 

Ali mais á frente no terreiro com vista para a praia o velho "O Sargo", memória colectiva dos pioneiros desta vila estival jaz morto e arrefece. Ainda se pode espreitar um mural do pintor Zé Penicheiro cheio de uma esperança e vitalidade modernista. E de "O Sargo" pouco ou nada se sabe...




Um eterno retorno.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Matutando filosofias






Bem Faulkner dizia que uma paisagem se conquista com a sola dos sapatos , não com as rodas de um automóvel. Os livros...pelo cheiro do papel , desse outro Olhar que é também ver...Borges sempre imaginou o Paraíso como uma Biblioteca. Eu cá vou andando... retomei as visitas a alfarrabistas. Tenho aquele outro livro aberto - A Natureza, mas falta-me essa outra... de carne e osso e o semblante acompanhando o todo. Não é apenas canibal apetite humano... Aquela ida ao laranjeiro, atrás de ti e do teu cheiro que os Thi Versões em desaustinado vivo Fado em si de SOL reescreveram Fausto . Por ela era capaz de deitar fogo ao Inferno, sem lança-chamas....

Ou então mais recente (eterno retorno):

Num pouco glosado ensaio T.S.Elliot afirma que " os artistas imaturos imitam ; artistas maduros roubam " . Não ousarei permitir-me a ambos , mas em jeito glosado aqui vai : " Desfado meu este , n'Esta estranha forma de vida ...ter nadado e navegado em diversos lagos , ribeiros , rios , mares do mundo ou esse Único de solitário Nome...ser um Ser de muitas Pátrias : umas Ditosas e Amadas, outras queridas e desejadas e , outras de todo inesperadas . Ser angolano lusitano , tripeiro de coração ; ser de minha Avó celta , de antepassados saxões ...ter sido viking , mouro e judeu antigo novo-cristão....Moreira de Nome em adopção .Ter errado por tantos cantos , labirintos , ser pradarias e vastidão . Encontrei-me em iluminuras e estátuas , gravuras e desformes retratos e não me ver envelhecer em espelhos inexactos . Vi o que todos viram , o acordado Amanhecer , a hora sem sombra , um quente entardecer cansado e esse triste oiro que é o Ocaso...saber esse fim que é a Morte , infinda espera de outra vez , ser aquela estrêla , um areal , lodo ou seixo inicial . Pouco vi ou quase nada , Amei ou fui amado , soube perder-me Abandonado ..recordo em certos Rostos a Amizade de outroras e presentes anunciados . Mas sigo recordando esse Rosto que em primeira vez n'Essa voz me foi dado . Um dia destes estarei morto e a Ti regresso recordado .N'estes e Nesses olhos castanhos e em Encantos tamanhos . Palavra .

Charlie

sábado, 11 de janeiro de 2014

Vais à Bola?










Tenho como uma necessidade encontrar sítios comestíveis, razoavelmente baratos e com alguma graça de permeio, montar o esquema do palavreado com a recolha e dar ao mundo uma descoberta, quase sempre sem um critério fundamentalista mas humano e agradável. Mas para que isso aconteça é preciso que a comida valha a pena, quando não, fico chateado e não me dou ao trabalho de defender uma dama desleixada ou inconveniente, se não aparece o perfume do fandango fica para aqui neste depósito sem rei nem roque talvez como exemplo de uma maneira de escrever ou descrever. Isto também serve para dizer que alguns dos exemplos últimos não têm tido consistência suficiente para produzir prova. Começo pelo último, A Bola em Alvor. Era para celebrar o facto da amiga Joan aparecer destacada num inusitado roteiro, depois tinha sido o falecimento do Eusébio e um sítio com este nome podia proporcionar alguma surpresa, porque tinha feito parte da Rota do Petisco e tinha tido informações positivas e finalmente uma oportunidade de dar um pulinho a ver a agradável vila de Alvor. Muitos factores, muita expectativa só podia dar bota, neste caso meia-bota, logo escasso material. O choco frito como tapa, bem frito mas um pouco duro, lulinhas pouco saborosas, com batata congelada frita e uma salada sem graça. Há fado mas o local está longe do castiço. Boa sorte na mesma.
A outra desilusão foi o Oliva e Lenha em Portimão. Ele há sitios melhor talhados para jantares, mas então porque abrem ao almoço? para haver mal entendidos? Da primeira vez que fomos o dono disse que tinha uma pizza muito apreciada, da segunda vez pedi a dita cuja, veio queimada, mas pronto simpaticamente ofereceu-me outra, mas não era nada de muito especial. O logo e os fornos são iguais a uma "congénere" brasileira, mas disseram que não tem nada a ver. São os proprietários do famoso Ábabuja e do malfadado Pote Cheio que entretanto está fechado. Vale a pena insistir ou perder tempo em dizer mal? Não me parece.Fiquem-se pelo muito conveniente Tripadvisor.