sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eterno retorno da retorta







Artigo escrito por Agostinho Costa
13:16 Terça feira, 17 de Ago de 2010
     Portugal é um país estranho. Todos os anos o património natural é delapidado, hipotecando-se assim o futuro das gerações vindouras. Ou seja, estamos a destruir o bem-estar dos nossos próprios filhos. Não se consegue perceber como é possível que um crime tão grave não tenha punição exemplar. Os pirómanos, tantas vezes considerados coitadinhos dementes, deveriam ser punidos com penas de prisão efectivas e severas. Pois, quando os incêndios provocam indirectamente perdas de vidas, com aconteceu a alguns bombeiros, isso deveria ser claramente considerado como homicídio. Só com penas pesadas é que poderemos ver esta calamidade diminuir de frequência.
    Por outro lado, não é compreensível dar prioridade a gastos astronómicos com futilidades como o TGV e os submarinos, quando a guerra está na destruição da nossa maior riqueza, que é a floresta. A mobilização de meios até agora pouco utilizados na prevenção e combate aos fogos, como é o caso do exército, deveria ser considerada de grande utilidade, no sentido de minorar o esforço inumano de combate aos incêndios por parte dos bombeiros. A pátria é esta e não outra, os bens são estes e não outros. É urgente fazer do que resta do manto verde que nos cobre o bem mais precioso que temos. Por isso, há que limpar, há que vigiar, há que reforçar os meios de combate e melhorar a sua coordenação no terreno. Se assim não for, dado que a recuperação das áreas ardidas demoram décadas a recuperar, estaremos condenados e daremos um futuro de cinzas às gerações que se seguem.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O martirio do camartelo







Parábola do calhau que cresce: "Não gostava daquela pedra, e enterrou-a no jardim. Mas aquela pedra cresceu. Aumentou e ficou maior que a casa dele. Fazia-lhe sombra e secou tudo à volta. Tentou olhá-la sem rancor. Diminuiu. Assumiu o tamanho de uma mão e foi esquecida."

Desde a separação, o arquitecto nunca mais a olhou de frente, embora trabalhassem juntos. Um dia, os olhares apanharam-se indirectamente num espelho. Fecharam os olhos e mandaram-se um beijo. Ele construiu uma casa de espelhos e pediu-lhe para viver com ele.

Distraído, olhando a cidade, Lizarede saboreava aquele travo
amargo de loucura como se se tratasse de um cigarro. Às vezes, tinha
visões. Então, sacudia a cabeça como um gato ensonado e voltava a
fixar, de olhos bem abertos, as pessoas que corriam apressadas sob
a vigilância das luzes. Foi dessa vez que a cigana lhe disse que ele viveria até sempre.