quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Casa Carvalhinho - Faro








Deambulando pela capital dos Algarves apreciando a especial arquitectura e os desleixados atentados ao património, reparo num estranho cenário de uma loja de esquina com um ar de fim do mundo. Lá dentro é um bric-a-brac em estado calamitoso onde o lojista também vive (come e dorme), com os tectos a cair, uns tachos imundos, e um amontoado de cultura, este tugúrio por incrível que pareça ainda tem alguns clientes. Era uma mercearia mas depois dos pais falecerem o Jorge foi ficando a embalar os fregueses até que mudou de ramo. Para além desta artística loja perdida e do restaurante um pouco atrás já não há mais negócios na Antero de Quental. E para quê, se o fim do mundo é já ali?

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Casa de Pasto do Calvário


O amigo Carlos da Casa de Pasto do Calvário é um dedicado e talentoso anfitrião do bom petisco. Gosta do que faz e  sempre tem comidas apetitosas e bem confeccionadas. Como tem um excelente sentido de humor transporta-o para as mesas de bancos corridos desta autêntica casa de pasto à antiga. A feijoada de búzinas e os alimados são peça fundamental, nas sobremesas destaco as magníficas pêras bêbadas. Aos domingos anda por lá um cozido porreiro ao almoço e o fado é presença assídua à noite com a Maria da Saudade, a Sara Raquel e o Manelito . Como passo por lá todas as quintas e recebo muita vez uma prova de petisco (este aqui é dobrada) quis saber mais da maneira como ele se lançou na restauração. Foi mais ou menos assim: quando era moço era carpinteiro de limpos, janelas, portas, soalhos e afins, teve de ir para a tropa e lá aprendeu a cozinhar, quando voltou a construção teve uma das suas ciclicas crises e ele arranjou trabalho em colocação de persianas.

 O dono da empresa das persianas estava a montar um bar em Armação de Pêra, o Kubata, e o Cárlinhes que não se dá parado e percebia de madeirame foi o homem certo para erguer o bar de praia que ainda hoje perdura. No verão meteu-se a assar o belo do peixinho e até arranjou namoro com uma suiça que apreciava os dotes do assador...



Depois dedicou-se à restauração por inteiro e fez muitas casas. Agora é aqui no Calvário em Estômbar que se entretém a animar a malta, estrangeiros e nacionais, vizinhos ou forasteiros. Todos são bem vindos.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Zé do Leitão




Zé do leitão assado
Urb. Quinta de S. Pedro, nº 121 – Portimão (em frente ao Aqua)

Já há tempos que queríamos experimentar o leitão assado em Portimão. Por acaso estando no Aqua surgiu a hora do almoço e a ideia do leitão pareceu boa. Era mesmo em frente à bomba de gasolina. Mas as aparências iludem como diz o ditado. O sítio até é simpático, em mesas postas com pratos de barro e toalhas vistosas aos quadradinhos azuis e brancos, quadros e fotografias com motivos africanos, asseio e bom atendimento. Óptimas azeitonas verdes e bom pão tipo alentejano vieram para a mesa. Depois pedimos o leitão frio ou morno e assim veio acompanhado com batatas fritas caseiras cortadas às rodelas com uma rodela de laranja e pickles a enfeitar o gosto. Mas este leitão deixa bastante a desejar por outras paragens onde ele toma proporções de iguaria lacada no forno e objecto de múltiplos prazeres carnívoros. Este para além de ter um saborzinho duvidoso, com a crise as comidas passam de uns dias para os outros, não indiciava frescura e tinha a pele queimada. A música brasileira começou a ressoar na cabeça e saímos um pouco gordorosos do paladar, mesmo regado a minis pretas. Há take away, pratos do dia e outros como bacalhau na brasa, cabrito assado e picanha, mas este lugar apesar de barato não deixa saudades.




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Barquinhos e memórias




Em giro de acaso demos, eu e o meu filhote, com o Sr. António Jorge Duarte, 82 anos, antigo pescador de bacalhau. Vi os barcos pela nesga do portão e perguntei se podia vê-los, sem demora estavamos todos entusiasmados a contemplar os artesanais barcos e a ouvir as histórias do velho marinheiro. Depois mostrou-nos a sua peça principal, o Titanic, gloriosamente feito a partir de uma fotografia. Prometemos continuar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Da Gâmbia



O Saiddy é da Gâmbia, um peculiar país africano em forma de enclave lavrado a espaço de canhão nas margens do rio Gâmbia e rodeado de Senegal. Falam inglês numa redondeza de francês. Foi embarcadiço durante muitos anos e conheceu o mundo, os grandes portos de Singapura e da China. Fala do espanto do que é a imensidão do poder chinês, tanta gente como Africa, Europa e Oceania juntas. Também andou por Espanha mas por lá os desempregados já perfazem mais de 5 milhões. Veio para Portugal para a construção mas o patrão morreu. Agora vive de esmola e dorme em sítios abandonados, bebe vinho em garrafita de plástico para entreter a desgraça e embalar a simpatia. Fica ali no relvado do Lidl com o seu rádio a pilhas, descalça-se e aguarda tranquilo a mudança de poiso. Nada de fotografias, sorry.



A Merendeira II - Lagos

Lagos continua linda, diferente, activa. Por este Outono melindroso, nas aberturas de luz pode-se ver um morno entusiasmo em algumas esplanadas, noutras nem por isso. Ainda há artesanato e música nas ruas, para além da habitual fauna local. Era feriado municipal e ao abrir do apetite acabamos por escolher A Merendeira. Situa-se perto da Praça de D. Sebastião num prédio antigo recuperado. Com um conceito de fast food à portuguesa, desenvolvido por 2 sócios em Lisboa, na Av. 24 de Julho, agora tem esta dependência no Algarve. A base é o caldo verde c/ pão cozido na hora em forno de lenha e recheado de chouriço (mais comum)  ou bacalhau de cebolada (novidade para nós) . Ainda há oferta alternativa de salgadinhos, pasteis de bacalhau, rissóis e croquetes. Filhós e arroz doce espreitam para a sobremesa. Tudo fresco, feito na hora, quentinho e saboroso. Funciona como uma cantina, com o serviço a ser feito a partir de um balcão com o forno em fundo, o pormenor rústico da loiça de barro e escolha de menus: sopa, sandes, bebida, sobremesa e café a um preço imbatível de 5.50€ o normal e 3.25€ o mini, para crianças ou quem queira comer menos.
É despertencioso, gostoso, barato e bem servido e é uma novidade na variadíssima oferta que existe na cidade do Infante. Como a sandes é grande é normal embrulhar a sobra para comer ao lanche, talvez a ver o mar.







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Jingada race

Regrazinhas:

1 - construir uma jangada com desperdicios maritimos (canas, pauzinhos, esferovite, plásticos, papel, fios, etc.)
2- 2 flutuadores, mastro, vela, patilhão
3- lançar ao mesmo tempo em direcção da maré
4- encorajar os barquitos e aplaudir o vencedor
5- prémio









segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Festival figo da Índia

















Como entusiasta não podia perder a mostra de produtos de figo-da-índia que decorreu na Escola de Hotelaria de Portimão no passado Sábado 6/10. Aos alunos da Escola foi lançado o repto de concorrerem à modalidade de gastronomia e de cocktails. Estava animado o evento onde se podia provar desde o fruto maduro, passando por compotas, licores e chá feito a partir da flor deste interessante e saudável fruto de cacto. Pela demonstração o figo-da-índia nas suas variedades é produto em franco ressurgimento com imensas potencialidades económicas, nomeadamente em áreas do interior e com possibilidades de exportação. Existe até uma empresa que comercializa máquinas apropriadas para o tratamento e acondicionamento dos picantes e curiosos frutos. Á tarde houve uma palestra com o escritor e consultor Jack Soifer, especialista em economia sustentável. O autarca Manuel da Luz também marcou presença abrilhantando a iniciativa. Quem sabe um dia estes produtos farão parte de uma oferta especializada para o turista. Hajam lojas!

domingo, 23 de setembro de 2012

A maldição de Portimão

Eu não sei escrever, assim  como os jornalistas, os escritores, os mocinhos de letras. Conjecturar, perspectivar, formular e dar sequência, compilar e fazer a síntese. Porra, continuo longe desse estádio e por isso sofro essa ninharia de não poder ter vaidade. E com esta manifesta insignificância convido-os, ó infelizes leitores, ao meu relato de hoje:





Ardeu esta madrugada de 23 de Setembro o primeiro Retail Park de Portimão, ficou um montão de escombros. Por volta das 4 da manhã a sirene dos bombeiros tocava seguido, nunca tinha ouvido um soar assim, depois de pesquisar na proteção civil descobri que era a chamada de todos os bombeiros e que o Retail ardia .
Na manhã seguinte depois de uma valente enchurrada fui à festa do Clube Naval. Lá uma senhora contou os pornenores de ser vizinha a mais ou menos 100 m do sucedido, o susto que foi  e a sorte de o vento estar virado para o lado do estacionamento não perigando a zona residencial. Este maravilhoso espaço comercial foi licenciado com alteração do PDM pois aqui devia ser um cemitério ou um jardim público. Tendo as vivendas tão perto o barulho dos ares condicionados dos camiões frigorificos eram super incomodativos. O lixo feito nas traseiras era igualmente um perigo constante à segurança dos residentes próximos. Este retail com a abertura desenfreada de mais uns quantos na cidade aliada ao estender da crise, começou a decrescer em clientela. Haverá dados sobre isso? E depois como é possivel ter ardido tudo? Que segurança anti-fogo havia entre cada loja e em cada loja?  Levantam-se rumores de sabotagem e também dúvidas sobre a segurança dos outros centros comerciais que sobredoseiam a cidade. Será uma ideia totalmente estúpida a cidade aproveitar esta desgraça para fazer com que os problemas dos empregos fossem minimizados com a ocupação de espaços no centro da cidade por estas ingloriosas lojas? Portimão não está bem e agora está pior.