sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

NOVÍSSIMO TESTAMENTO




Não fui eu que envelheci, juro,
foi a esperança que apodreceu em mim,
corpo desenterrado à espera da mortalha da lua
como num macilento soneto ultra-romântico.
A quem devo agradecer o bem e o mal incomensuráveis
desta vocação versejante que me fulmina?
A ninguém, talvez. Poderei agradecê-la à terra
ou à aflição marterizada de meu pai,
tombado de borco sobre os escombros da vida
quando tinha a idade que eu tenho
ao escrever estes versos destroçados por dentro,
fragilíssimos cristais do infortúnio da noite.
E as palavras de onde me chegam, quando são,
com que intenção me visitam, com que
propósito me põem na boca tudo aquilo
que eu, por pudor, jurei nunca dizer?
desconfiem dos poetas púdicos, sempre,
pois foram os únicos que saborearam
a nudez inclemente da morte e nunca a confessaram.
Eu não sei o que é o cansaço, nunca o soube.
Nem morto estarei cansado, porque há
um ódio surdo e lento que maquina em mim
os seus artifícios e engodos e me ensina
a não dar tréguas, a não fazer reféns.
Eu cansei-me de simular bondade,
igual à dos santos de barro dos altares da pobreza.
O céu em que creio é um charco embaciado
onde as sombras atraiçoam outras sombras
em troca de uma vaga promessa de luz, enganadora.
Eu conheço canalhas que têm nos olhos
o remorso infinito de todas as mortes de Cristo
e que fingem pensar na aflição dos outros
enquanto gravam na pele a palavra poder.
Como posso eu acreditar em quem
não sabe, não pode e não quer acreditar em nada?
Somos estupidamente mortais, desde sempre,
e imaginamo-nos artífices de eternidades,
ensinando aos velhos o caminho do abismo
e aos outros o que sobra da ciência dos livros.
Eu nunca hei-de descer à terra, prometo,
porque tenho medo de sujar o bibe
e de sentir os dedos nodosos da minha mãe
a deixarem-me nas pernas grossos vergões de revolta.
A minha cólera é um incêndio de Verão:
devasta, enegrece e mata, e depois
vai-se, inocente, como se nada tivesse acontecido.
Hei-de esconder-me no vento do deserto, um dia,
entre as cobras e os escaravelhos, meus irmãos,
espreitando sem pressa a solidão nocturna das raposas.
quando quiserem saber de mim, não hesitem,
abram o livro na página que eu nunca escrevi.

José Jorge Letria

domingo, 23 de janeiro de 2011

Riso frio







Uma sessão de terapia do riso é uma forma terapêutica que permite libertar, de uma maneira lúdica e alegre, as tensões internas e conseguir a renovação pessoal de uma forma holística.
Através deste processo, utilizando-se diferentes actividades e dinâmicas, as pessoas são conduzidas a um estado de desinibição para chegar à gargalhada com o objectivo de realizar uma descarga emocional, desenvolver o sentido de humor, treinar novas capacidades pessoais e conseguir viver em harmonia física, psíquica, emocional e espiritual.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Elementos delicados








Para a tarefa do artista, a cegueira não é totalmente negativa, já que pode ser um instrumento

Do mal o menos








É pela quantidade de trabalho fornecida pelo artista que medimos o valor de uma obra de arte

Existência celibatária






Quanto à beleza, pelo menos sabemos que acaba por morrer, e por isso, sabemos que existe

Dar coca às maravilhas




Agora vão ser estas as novas dependências do infame http://www.bosquedasmaravilhas.blogspot.com/ , um depósito de más fotografias, retrato cru do desaustinanço, martelanço impiedoso da desordem e retrocesso, desesperada ineficácia e proficuo abardinanço. Noblesse oblige!