Gostamos do acaso, das
intrincadas subtilezas do desejo, das latências das nossas imprecisas clarividências.
O bom amigo Eliezer que conhece a restauração Algarvia de fio a pavio,
levou-nos (Algarve 123) a um recanto perdido no coração de Lagoa, o núcleo
sportinguista fundado no longínquo ano de 1938.
Aqui o surreal acontece com naturalidade, com alma. À frente deste
espaço, por assim dizer, comunitário, de simpatizantes do Sporting (SCP), está o
Rui à cerca de um ano. Experimentado homem das artes da cozinha e dedicado
colecionador de memorabilia futebolistica, mas do Benfica - era seu o famoso
museu do Benfica de Lagoa, agora encaixotado, à espera de melhores dias...
Ao tomar conta deste
lugar, no primeiro andar deste edifício centenário, logo tratou de afixar fotografias do espólio
que encontrou (numa delas, envergando a camisola do clube, destinguimos o pai
do José Mourinho, Félix Mourinho, filho desta terra) e outras castiças lembranças, bem como
reabilitou a sala dos troféus. Para além disso come-se muito bem. Nesta nossa
visita, numa segunda-feira, dia que não é para o peixe, só (??) havia umas cavalinhas
frescas grelhadas com batata cozida, salada e uma soberba caldeirada de safio. Comemos
na esplanada e regou-se com vinho de jarro fresco atenuado de gasosa. Conversamos
sobre estas maneiras simples de fazermos as nossas vidas com matéria prima
local, impregnada de alma, amor e sentido de comunidade e constatamos que está
tudo por fazer. Bem hajam refúgios assim.